Uma observação prévia: tem video sobre Os Miseráveis no canal do blog, e está no final do post. :D
Sinopse: "Victor Hugo (1802-1885) narrou seu romance magistral numa linguagem que representou para a literatura "o mesmo que a Revolução Francesa na História", segundo o crítico Sérgio Paulo Rouanet. O fio condutor é o personagem de Jean Valjean, que, por roubar um pão para alimentar a família, é preso e passa dezenove anos encarcerado. Solto, mas repudiado socialmente, é acolhido por um bispo. O encontro transforma radicalmente sua vida e, após mudar de nome, Valjean prospera como negociante de vidrilhos, até que novos acontecimentos o reconduzem ao calabouço.”
Autor: Victor Hugo
“Enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis” (Victor Hugo, 1862)
Com um livro tão grande, eu confesso que começo a escrever a resenha no dia 24 de janeiro, para ter certeza que não vou deixar passar nada que eu queira comentar. O primeiro ponto é justamente essa frase acima.
O livro tem duas notas de editores, uma para falar sobre a tradução e algumas adaptações, e outra para localizar o leitor, te dar as informações não só sobre a época em que a história se passa, mas algumas opiniões importantes do Victor Hugo e alguns acontecimentos antes e depois da Revolução narrada no livro. Essa é a última frase do prefácio, que tem, além do ano, uma observação: Hauteville-House, mansão comprada por Victor Hugo numa pequena ilha inglesa, onde ele passou a maior parte dos anos de exílio. Sim, Victor Hugo foi exilado por se opor ao golpe de Estado que colocou Napoleão III no poder. E o prefácio é de 1862, 30 anos depois da Revolução de Junho.
Uma das coisas que me chamou atenção antes mesmo de ler o livro, e que muita gente sabe que é o que mais me parte o coração nessa história inteira, é que Victor Hugo
passou por essa Revolução. Não dá para saber onde termina a realidade e onde começa a ficção, é muito triste pensar em todos os estudantes sacrificando a vida por um ideal que, ao ler o livro, faz todo o sentido do mundo, mas não é apoiado pela população.
Voltando para o começo do livro, Victor Hugo começa a história com O Justo, o bispo Bienvenu, o personagem mais feliz de todo o livro, e a bondade personificada. Ele é aquela prova de que as pessoas podem ser boas por natureza e é responsável por colocar Jean Valjean “de volta no caminho do bem”. Jean Valjean, por sua vez, é um ex-presidiário que ficou 19 anos nas galés por ter roubado um pedaço de pão – cinco anos pelo roubo e 14 pelas tentativas de fuga -, e ficou extremamente amargo com o mundo, culpa a sociedade não apenas pelos seus anos de prisão, mas também pelo cenário que ele encontra quando sai da cadeia.
A história vai intercalando as apresentações dos personagens com explicações do contexto histórico e histórias de outros personagens bem menores que servem como introdução dos principais – por exemplo, Victor Hugo fala sobre Waterloo para apresentar o pai do Marius, que serve de introdução para o Thernadier e uma promessa que influencia nas decisões do próprio Marius anos depois. É bem interessante porque toda a história flui de uma maneira diferente, você vai vendo episódios isolados de pessoas que não se conhecem, mas tudo vai convergindo para um mesmo ponto.
Verdadeiramente épico, o livro não tem só um grande acontecimento ou um ponto-chave. São vários eventos grandiosos ou importantes na vida de cada personagem. É triste, porém, que a maioria desses acontecimentos não seja algo feliz – pelo contrário, a história da maioria é bem pesada, e alguns personagens sequer sorriem durante todo período narrado no livro. Mesmo assim, é difícil não simpatizar com alguns dos personagens – Fantine, a mãe solteira que deu tudo o que tinha para a filha, Cosette, a menina de infância difícil que tornou-se a luz da vida de algumas pessoas, Jean Valjean, que tem mais de uma redenção e mostra que, sim, as pessoas têm salvação, Bienvenu, a bondade em pessoa, Gavroche, um retrato trágico das crianças naquela época, mas ainda assim um bravo guerreiro, os estudantes, que morreram pelo que acreditavam...
Enfim, o livro é lindo, a história é incrível e pode ser definida, como diz o pôster do filme, em quatro palavras: fight, dream, hope, love. Eu recomendo muito a leitura, mesmo sendo longa, mesmo parecendo intimidante, porque a história vale e a escrita é muito fluida, é fácil de ler, é fácil de se distrair e querer virar a noite lendo. Recomendo também paciência o suficiente para ler as notas de rodapé, mais do que ajudar com o contexto histórico de vários trechos, elas são úteis para falar o que foi real, está na História, o que foi alterado pelo Victor Hugo e o que é ficção. Elas também têm informações muito interessantes sobre as pessoas que inspiraram os personagens – Marius tem muito do próprio Victor Hugo, Jean Valjean e Javert foram inspirados na mesma pessoa, por isso têm uma dinâmica bem interessante ao longo do livro, alguns discursos do Enjolras são inspirados nos discursos do líder dos estudantes.
Além desse post, eu fiz uma série “Lily lê Os Miseráveis”, porque ficaria algo muuuuito longo se eu incluísse tudo que queria falar sobre o livro (ainda tem dois posts nessa série que eu quero escrever, porque não cabe bem na resenha e deixaria ela ainda mais longa, além da comparação livro x filme x musical). Também fiz a primeira video-resenha, que tá lá no canal do blog. :D O video ficou grandinho, mas espero que não tenha ficado chato. :)
Lily lê Os Miseráveis:
Você canta enquanto lê?
A utilidade das notas de rodapé
Os personagens preferidos
Marius