domingo, 12 de junho de 2011

Frustração

Ela acordou sentindo-se irritada outra vez. Ainda. E frustrada (por estar irritada). Passou o dia sem parar um segundo sequer para olhar no espelho, colocou uma roupa qualquer e concentrou-se no trabalho.

Quando, depois do banho no final da tarde, encarou o espelho, não gostou do que viu. Pela primeira vez, poderia dizer que odiou a imagem que encarava de volta, séria, o lápis preto borrado, o cabelo desgrenhado, os lábios rachados, secos e a expressão séria, mal-humorada.

E aquela foi a gota d'água para ela. Que diabos estava acontecendo?

Parou tudo, sentou, concentrou-se na própria alegria. Onde estava? Procurou entre as memórias algo que lhe animasse. Tudo parecia tão distante que nunca diria que estava há apenas uma semana presa nessa rotina louca e cansativa.

Decidiu que deveria dedicar-se mais ao que lhe alegrava, divertia. Porque, não fossem os hobbies, provavelmente viraria uma pessoa amarga e infeliz, frustrada por não conseguir fazer nada que agradava - vivia apenas para o trabalho chato.

Por onde começar? Talvez jogando fora tudo que não queria mais? Por que raios guardava tudo aquilo, afinal?

Fez uma lista de things to do. A primeira e mais importante era se livrar daquela aparência... Emo. Porque era isso que achava de si mesma. Os olhos pretos, com linhas borradas de lápis preto, somados à franja preta caindo nos olhos - estava longa demais, outra vez -, as roupas pretas que ela nem sabia porque usava... Bem, se livrar de toda essa falta de cor era o primeiro passo.

E era exatamente isso que ela ia fazer.


Agora
- Nada
- TV desligada
- Nada
- Água
- Nada
- Que tá frio
- O frio

Nenhum comentário:

Postar um comentário