quarta-feira, 6 de março de 2013

As coisas que eu não faço mais

A lógica diz que uma hora você cresce e amadurece. A lógica nunca funcionou como deveria pra mim – a começar pelo 1.63 de altura que eu tenho desde os 14~15 anos -, mas, depois de um tempo – especificamente hoje –, percebi algumas atitudes que eu já tive tempos atrás são totalmente diferentes das atitudes que eu tive hoje, e que isso pode ser encarado como um amadurecimento.

E não, eu nem estou falando de muito tempo.

Começando a coisa do começo: o vocalista do Charlie Brown Jr morreu. Ok. A notícia me pegou tão de surpresa quanto provavelmente pegou todas as pessoas que conheceram a banda em algum momento da vida. Eu nasci em 1990, ia e voltava da escola ouvindo a 89 – que, grazadeus, voltou recentemente como UOL 89, com a mesma programação BOA que tinha antes -, conhecia a maioria das músicas do Charlie Brown Jr e cantava junto, cantava sozinha, sabia a letra decorada, assistia aos clipes. Mesmo hoje, sem ter acompanhado músicas mais recentes, eu com certeza iria ao show, sem pensar duas vezes. Ainda sei a ordem das músicas de alguns CDs de trás pra frente.

O choque É muito grande, ver que aquele cara que parecia nunca ter envelhecido desde a primeira vez que vi – num clipe, claro – morreu é algo que, sinceramente, ainda não parece real pra mim. Eu sei que é, mas não entendo. Podia não acompanhar direto, saber quais as músicas que seriam trabalhadas e até ter perdido um CD inteiro ou outro, não conhecer todas as músicas. Mas isso não quer dizer que eu não admirava a banda, o cara principalmente. Não quer dizer que eu não tenha saído quase correndo do escritório depois de ler o post da 89 no Facebook pra não começar a chorar dentro da sala.

O que isso tem a ver com tudo? Easy. Se você entrou no Facebook ou no Twitter hoje, grandes são as chances de ter visto frases do Chorão, letras das músicas do Charlie Brown Jr, fotos all around e muitos lamentos. Muito compartilhamento na timeline. Muitas reclamações e piadinhas de “agora todo mundo é fã”. Aí que está o ponto.

Em 2009, quando o Michael Jackson morreu, eu não vou mentir, eu fiz coisa parecida. Fotos do MJ em todo canto, alfinetadazinha em quem nunca ouviu uma música e do nada era fã desde criancinha, frases como “Deus, leve os sertanejos e devolva o MJ”.

Hoje... Hoje isso me incomoda e muito. Hoje eu concordo com o Dio, que deu um puxão de orelha do meu eu-passado, falando sobre os fãs-de-última-hora. E daí se o cara só conheceu o Charlie Brown hoje e está lamentando a morte do vocalista? Antes tarde do que nunca, não? Ao menos agora ele conhece a música, sabe que existe, e por que não virar fã? Afinal, ele continua vivo através da música. E precisa mesmo compartilhar todas as homenagens que encontrar pela frente, de novo e de novo e de novo? Cara, pessoas compartilhando tudo que veem pela frente são um pé no saco, seja homenagens, seja piadas, seja aquela sua foto de 1900 e bolinha que você jura que está bem.

Quanto a última parte, é simples: você não gostou de perder seu ídolo, porque os outros merecem perder o deles? Não é justo com ninguém, não acha? Fora que, como o Jimmy Kimmel bem mostrou, as mensagens simpáticas podem sim chegar ao destino certo, e eu duvido que você gostaria de ler isso – e não me importa se eles ganham muito mais que você ou não, isso simplesmente não é uma coisa legal de ler.

Eu gostava mais de MJ que do Chorão, por isso a mudança? Não. Ambos fizeram parte de um longo período da minha vida e, definitivamente, algumas músicas marcaram algumas das histórias que, once in a while, eu conto pras pessoas. As duas mortes foram, pra mim, um pedacinho da minha infância indo embora, voltando lá pro passado. Aquele choque de realidade de que o tempo passa, a vida acaba e a saudade fica.

Eu nunca gostei de choques de realidade. Mas estou feliz em ver mudanças nas minhas próprias atitudes – afinal, elas não fizeram bem nem pra mim.


Agora
- Nobody’s Hero
- Nada
- Facebook, Youtube, Twitter, Patronus, Blogger
- Nada, mas um doce seria legal agora
- Cidade dos Ossos
- Em fugir (?)
-Dor no braço. Sim, ela nunca passa.

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