Um dos personagens principais de Os Miseráveis é o Marius, filho de bonapartista que, em certo momento da juventude, descobre toda a história do pai: morto em Waterloo, era barão e deixou o título para o filho. Foi encontrado por Thénardier antes de morrer e, em algum lugar na linha de pensamento que já estava mais para a morte que para a vida, achou que ele o estava ajudando – fica para Marius retribuir a gratidão de ter a vida salva.
No geral, Marius seria um personagem muito interessante, principalmente porque tem várias semelhanças com o próprio Victor Hugo – inclusive o bonapartismo – e algumas situações vividas por Marius foram vividas pelo autor. O amor entre Marius e Cosette é parecido com o que existiu entre Victor Hugo e Juliette Drouet – que originou algumas das cartas mais bonitas que você vai encontrar por aí. Então o personagem tem tudo para ser incrível, mas...
Mas ele é completamente creepy! Fica seguindo Jean Valjean e Cosette por meses pelo parque, passa a perseguir pelas ruas, chega a perguntar para outra pessoa onde eles moram e, quando os dois se mudam, fica o dia todo embaixo da janela esperando algum sinal de que o apartamento ainda é ocupado. Que diabos?
As atitudes dele no final também não me agradam nada, principalmente a mania dele de nunca perguntar nada, só aceitar aleatoriamente o que falam – aceitar de bom-grado o dever de ajudar os Thénadiers durante toda a vida, por exemplo.
No musical, Marius foi transformado em um dos revolucionários “principais”, ao lado do Enjolras, e isso fica meio chato quando você conhece todos os estudantes – Combeferre e Coufeyrac meio que perdem o posto para o Marius -, e não é creepy, conseguiram passar de uma maneira bem delicada a relação dele com a Cosette. Também ficou legal a maneira como montaram o pós-barricada, com Empty Chairs At Empty Tables, passa bem toda a emoção descrita no livro.
Aliás, para o livro, nos trechos com o Marius, leia as notas de rodapé. É incrível ver como o Marius é sempre uma pessoa melhor nos trechos ligados ao Victor Hugo.
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