Quando eu via o SHINee, eu achava que o Jonghyun era o líder do grupo. Depois descobri que não, ele não era. xD Onew é o mais velho e o líder, Jonghyun é "só" extrovertido, falante, carismático, geralmente no meio quando o grupo se organizava para fotos e entrevistas. Ele também não era o dançarino principal, apesar de dançar incrivelmente bem, mas dividia o posto de vocalista principal com o Onew, algo justo para a pessoa com a voz mais bonita que já ouvi, com um controle muito bom mesmo quando estava dançando.
(aliás, eu amo a coreografia "espelhada" de Excuse Me Miss do Taemin com o Jonghyun, e sim, eles estão cantando ao vivo)
Kim Jonghyun nasceu em 8 de abril de 1990, e é um dos idols que cresceu numa família pobre. Ele chegou a largar a escola para se dedicar à carreira de músico, mas eventualmente se formou, frequentou a faculdade e fez um mestrado com foco em estudos de música.
Ele debutou sob a SM, no SHINee, dia 25 de maio de 2008, aos 18 anos, depois de três anos de trainee. Já no ano seguinte, ele escreveu a letra (com o Minho) de uma das músicas do grupo, Juliette (que foi single promocional premiado no segundo miniálbum dos meninos), e dá pra dizer que esse foi o começo de uma brilhante carreira de sucesso.
Pelos oito anos seguintes, Jonghyun escreveu, compôs, produziu e participou do processo de criação de dezenas de músicas não só para o SHINee e para a SM, mas para artistas de outras gravadoras também. Ele dizia que a música é como contar histórias, e os cantores devem ser capazes de contar histórias com a qual o público se identifique, através de letra e melodia.
Pelo amor pela música, Jonghyun foi convidado para ser apresentador do programa de rádio Blue Night, da MBC, cujo objetivo, segundo ele, era criar um espaço one ele e as pessoas pudessem descansar, independente de onde estivessem fisicamente. Durante os três anos de programa (ele precisou sair em abril de 2017, porque os compromissos do SHINee deixaram a rotina muito apertada para ele seguir equilibrando os dois trabalhos), as pessoas tiveram a oportunidade - e, honestamente, ainda tem, os programas estão todos na internet para serem ouvidos - de conhecer a pessoa por trás da imagem de idol.
Jonghyun contava anedotas do próprio cotidiano, lia histórias dos ouvintes, comentava, aconselhava, compartilhava músicas compostas a partir dessas histórias, e entrevistava convidados. Turns out que ele era um ótimo entrevistador, não se prendendo às perguntas clichês, tentando deixar a pessoa à vontade e incentivando que ela promovesse o próprio trabalho sem pesar muito a mão.
Ele também nunca fugiu de falar sobre a depressão - e usou a experiência dele para aconselhar pessoas não só que estão passando pela mesma situação, mas para quem convive com depressivos -, contando como ele sempre foi muito afetado pelo clima, ficando mais depressivo durante outono e inverno, e falar "se anima" não é algo que ajuda, embora as pessoas tenham a tendência de achar que é a melhor coisa a fazer. Além do Blue Night, ele também participou algumas vezes do programa Hello, Counselour, e foi um dos melhores convidados, participativo e compreensivo como poucos.
Uma das histórias que ele contou no Hello, Counselor que marcou foi que a mãe dele, que teve uma escolinha de jardim da infância, tratava ele como bebê mesmo depois dos 20 anos, "meu filhinho amado já comeu hoje? Meu Jonghyun está com fome?". No Blue Night, ele comentou que, ao invés de perguntar se estava tudo bem quando ele ficava mais sensível durante o outono/inverno, ela cozinhava todas as comidas preferidas dele, e ele achava isso muito mais efetivo do que ouvir a mesma pergunta de sempre. Aliás, é bonito ver como ele sempre falava da mãe dele, a primeira coisa que ele falou quando pegou o microfone, depois de ganhar o primeiro prêmio de Artista do Ano com o SHINee, foi "mãe, eu te amo". Ele também era um amor com a irmã mais velha, de quem ele falava de um jeito tão protetor que por um bom tempo eu achei que era irmã mais nova. xD
Em novembro/2015, ele publicou o livro Skeleton Flower: Things That Have Been Released and Set Free, onde contou a história por trás de doze músicas escritas por ele, e além da escrita incrível, o livro dá outro relance do que se passava na cabeça do Jonghyun, a emoção presente na natureza sensível dele - inclusive com frases bem pesadas, como "nunca, nem em seus sonhos, ele pensou que enfrentaria tamanha tristeza". Nas palavras dele, o objetivo do livro era contar as histórias das músicas que ele escreveu usando outra cor, mas dá ao leitor a chance de aprender mais sobre o artista, e transmite bem o amor dele pela música.
Entre todos esses trabalhos, Jonghyun ainda lançou quatro albuns solos - sendo que o último foi lançado póstumo -, yet again outra forma de conhecer o artista, com músicas que vão do pop animainho ao soul, passando por uma variedade de gêneros. No geral, um trabalho muito elogiado que vale a pena conferir - principalmente porque, pra mim, a voz do Jonghyun segue sendo uma das mais bonitas ever -, por aqui recomendo End of the Day, She Is e Shinin', além de Before Our Spring, aí em cima. ;)
Jonghyun, como muitos idols conseguem fazer e nenhum fã consegue entender, tinha uma dualidade difícil de acompanhar. O carinha fofo e meio palhaço, que ria e brincava, virava o carinha sexy e/ou sério quando a música começava. Isso rendeu, pra gente, ótimos vídeos, meu preferido sendo esse curtinho dele falando "Blingbling is Jonghyun". xD Mas ele também participou do SNL Korea, do Knowing Brothers/Ask Anything (aliás, we stan como todos falando que Irene é a mais bonita entre os girl groups, e Jonghyun "ela tem uma ótima voz também"), com e sem os meninos do SHINee. Para o outro lado da dualidade, duas palavras: Internet War. You're welcome.
Dia 18 de dezembro de 2017, Jonghyun foi encontrado inconsciente num apartamento alugado, levado ao hospital, mas não resistiu. Alguns amigos e familiares receberam mensagens dele naquele dia de inverno falando que ele estava cansado e quebrado, para por favor o deixarem ir e dizerem que ele fez um bom trabalho. Todo esse post, até aqui, foi para mostrar que Jonghyun não se resume a um depressivo suicída. Ele foi, e ainda é, muito mais do que isso, e eu queria deixar isso bem claro. Foram 28 anos de trabalho brilhante e um legado que marcou - ele foi um dos primeiros idols a se envolverem com a criação da músicas que apresentavam, fez parte do já lendário SHINee, e brilhou por conta própria também. Durante 28 anos, ele lutou com os próprio demônios e, para nossa sorte, ganhou, até chegar ao limite, então nada mais justo do que celebrar a vida ao invés de focar na morte.
Setembro amarelo é sobre conscientizar e combater suicídio e incentivar uma vida mentalmente saudável, mas é preciso lembrar que ninguém se resume à própria doença, e Jonghyun é um grande exemplo disso. Ele era sensível, chorava fácil com tudo, mas usava essa sensibilidade nas artes de uma forma brilhante, e tinha bons momentos, paixões e muito, muito talento bem utilizado.
Eu sou muito grata aos meninos do SHINee por fazerem os shows no Japão dois meses depois da morte do Jonghyun - foi um tributo misturado com despedida, a última vez ouvindo a voz dele nos shows -, por fazerem o Story of Light e dedicarem o terceiro comeback a ele (Our Page, que você pode ver no vídeo abaixo), e por terem incluído a voz dele numa última música, upbeat (Lock You Down). É como se eu tivesse a chance de me despedir do bias que eu não pude conhecer antes.
Ah! Também em homenagem a ele, foi criada a Shiny Foundation, organização cujo objetivo é apoiar jovens artistas. Aliás, a SM lançou uma versão de End of the Day tocada pela orquestra filarmônica de Seoul, e os ganhos com visualizações do vídeo vão para a Shiny Foundation, então, se tiver 4min52 livres, clica aqui, assista e contribua. ^^