Sinopse: "Craig e Harry estão tentando quebrar o recorde mundial do beijo mais longo. Craig e Harry não são mais um casal, mas já foram um dia. Peter e Neil são um casal. Seus beijos são diferentes. Avery acaba de conhecer Ryan e precisa decidir sobre como contar para ele que é transexual, mas está com medo de não ser aceito depois disso. Cooper está sozinho. Passa suas noites em claro, no computador, criando vidas falsas online e seduzindo homens que jamais conhecerá na vida real. Mas quando seus pais descobrem seu passatempo proibido, o mundo dele desaba. Cada um desses meninos tem uma situação diferente. Alguns contam com o apoio incondicional da família, outros não. Alguns sofrem com o bullying na escola, outros, com o coração partido. Mas bem no centro de todas essas histórias paralelas está o amor. E, através dele, a coragem para lutar por um mundo onde esse sentimento nunca seja sinônimo de tabu.”
Autor: David Levithan
Dois Garotos Se Beijando foi o primeiro livro que eu li do David Levithan, ever. E, cara, eu adorei! O livro conta a história de várias pessoas, e meio que não tem bem definidos os “protagonistas”.
Neil e Peter, que namoram há um ano e a história acompanha um momento mais delicado pro Neil, porque os pais parecem saber que ele é gay, mas a dinâmica na casa é quase como se isso fosse um segredo a ser guardado, enquanto a família do Peter é bem receptiva. Avery e Ryan, que acabaram de se conhecer e são de cidades diferentes, então o livro acompanha quase um começo de namoro, embora não seja explicitamente namoro. Cooper, que passa as madrugadas fingindo ser outra pessoa em salas de bate-papo , e é o que tem a história mais “isolada” com relação aos outros. Harry e Craig, que são ex-namorados tentando quebrar o recorde mundial de beijo mais longo, e pra mim eles foram praticamente os protagonistas, a história sempre parecia voltar para eles, e o livro acompanha da véspera do dia em que começaram o beijo até o último segundo dele.
E, além dos personagens, tem os narradores – a narração, em primeira pessoa do plural, às vezes deixa de lado as histórias dos sete para contar um pouco da própria, dos narradores. Não sei se foi em alguma entrevista depois ou no próprio livro, mas o David Levithan explicou que a ideia da narração é a geração LGBT que veio antes dele – a que foi assombrada pelo HIV – falando com a geração de LGBT que veio depois dele – a que é assombrada pela homofobia, e o resultado ficou muito bom, é como uma história a mais para contar, não dá vontade de pular esses trechos e voltar para os personagens.
Algumas das histórias foram baseadas em fatos reais – Harry e Craig foram inspirados em Matty e Bobby, que também quebraram o recorde mundial de beijo mais longo e também não eram um casal, Cooper foi inspirado num adolescente que se suicidou uma semana depois desse mesmo beijo, um professor do Harry e do Craig foi inspirado no tio do próprio David Levithan, que não só passou pelo pior do HIV como virou um ativista pelos direitos homossexuais -, mas não são contadas exatamente iguais, o que deixou o livro mais interessante, o final não é tão previsível e as narrações dos pensamentos e sensações dos personagens ficou bem “real”, ficou a impressão de que é a versão do David Levithan de cada história real.
No geral, o livro tem várias lições para todo tipo de público, além de muitos exemplos motivacionais para LGBTs – é quase um “it does get better” em formato de livro. Tem o Neil finalmente falando com a família sobre a própria homossexualidade, o Cooper caindo num buraco bem profundo depois de fugir de casa, a mãe do Craig literalmente lidando com a informação de que o filho é gay depois de descobrir bem abruptamente, o Avery, que é transsexual bem aceito em casa, mas com algum problema quando tem que enfrentar o mundo, os próprios narradores, contando sobre as próprias experiências em “sair do armário”, morrer sozinho numa cama, morrer rodeado pela família numa cama, se suicidar por causa do preconceito... São várias histórias e várias lições, te dá uma visão do que é estar na pele de cada um, e dá toda uma humanidade para LGBTs que a homofobia parece tirar.
All in all, o livro mostra, com todas as histórias, exatamente o que diz o título: dois garotos se beijando são apenas dois garotos se beijando. Não muda em nada o que significa um garoto e uma garota ou duas garotas se beijando – são humanos, apenas, e é um gesto que demonstrar amor e carinho, apenas.
Eu com certeza recomendo o livro, seja você homossexual, heterossexual, bissexual, você provavelmente vai encontrar algo aqui – lições, conselhos, dicas, uma boa história.
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