Autor: David Levithan
Todo Dia é um livro um pouquinho diferente dos outros YA focados em romance por ter como protagonista um ser que acorda cada dia num corpo diferente – ele não tem gênero, então tem dias que acorda no corpo de uma menina, dias que acorda no corpo de um menino, e dias em que acorda no corpo de não-binários ou agêneros. Então, mesmo antes do romance acontecer, tem um obstáculo gigantesco a ser superado: A, o ser, não fica mais de um dia no corpo de uma pessoa, e nunca sabe onde estará no dia seguinte, se na mesma cidade, na mesma vizinhança, na mesma casa. E aqui eu vou tratar A como “o/ele” por ser “o ser”, pra não ficar repetitivo, mas leve em conta que seria algo sem gênero mesmo.
Logo no começo, o A explica o pouco que sabe sobre como a vida dele funciona: ele acorda num corpo diferente todos os dias, mas sempre na idade dele, e é assim desde que ele nasceu. Ao longo dos 16 anos vividos, ele aprendeu que querer ficar naquele corpo não adianta, e não dormir também não – ele é arrancado do corpo quando tenta fazer isso. Além disso, não influencia para ele o que fizer no dia anterior, pernas quebradas, tomar um porre ou ir dormir cedo, o dia seguinte depende do corpo onde ele estará mesmo. Por isso, às vezes ele acorda absurdamente cedo, às vezes não consegue mesmo lembrar o que aconteceu no dia anterior.
Ao longo do tempo ele aprendeu também a “acessar” as memórias da pessoa cujo corpo ele está, algo muito útil pra saber nome, onde está, o que tem que fazer e quem são as pessoas falando com ele durante o dia. Foram minhas partes preferidas no livro: quando ele dá um pequeno resumo da pessoa antes de acordar e seguir com o dia. Aliás, os capítulos são divididos em dias, então alguns são curtos e outros são bem movimentados, e você acompanha um pouco mais de um mês e meio durante todo o livro.
Outra coisa que eu gostei bastante foi a diversidade no livro. De ser uma garota linda e popular a ser um obeso mórbido, passando por jogador de futebol, gêmeos e uma líder de torcida baixinha, A passa por várias pessoas. E é interessante de ver o quanto os pensamentos e o estilo de vida delas acabam influenciando ele – que tenta ao máximo se prender a quem ele é, e não a quem o dono do corpo é.
Ainda nos primeiros capítulos, A acorda como Justin e, seguindo o dia como todos os outros – seguindo a rotina do Justin -, ele conhece a Rhiannon, a namorada do Justin, e se apaixona quase instantaneamente
Um drama paralelo bem irritantezinho surge justamente por isso – ele vai atrás da Rhiannon quando está no corpo de um garoto chamado Nathan, e não consegue fazê-lo voltar para casa antes da meia-noite. Por consequência, Nathan acorda no meio de uma rodovia, sem lembrar de muita coisa, mas com plena certeza de que foi possuído pelo demônio. Achei a perseguição dele beeeem chatinha e enrolada, principalmente pelo desfecho. Dava vontade de pular isso. xD
No geral, gostei bastante do livro, só sofri durante ele todo porque temia por um final, e ele foi bem o que eu esperava – aberto, triste e agridoce. Eu ainda quero um final feliz pro A, e adoraria uma continuação. xD Conforme ele vai contando a vida dele, dá muita dó, principalmente quando ele fala da infância, de como chorava porque não queria ir dormir e, consequentemente, dizer adeus para aquela família. Simpatizei com o protagonista, queria que ele pudesse, sei lá, voltar a ser um bebê e crescer numa família ou coisa assim. E adorei várias das vidas pelas quais ele passou, as personalidades diferentes, estilos de vida variados...
Totalmente recomendo o livro, principalmente se você nunca leu David Levithan, ou se leu algum dos livros dele em parceria e não curtiu muito. xD
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