sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Athena



Em algum momento de 2005, minha irmã decidiu e me convenceu de que devíamos ter um gato. Eu não lembro a conversa, mas eu lembro de ter sido convencida disso, ter mandado mensagem pra uma ONG (acho que a Adote Um Gatinho) porque a gente viu uma gatinha mega fofa chamada Gaia, e ter ido com ela num petshop na frente de casa comprar tudo que fosse necessário.

Saímos de lá com tudo que a moça julgou util para donas de primeira viagem: caixinha de areia, comida, um brinquedo aleatório, uma caixinha de transporte fofa e  nada prática (de espuma, com um colchão e portas teladas que a Athena destruiu em dois meses), pote de água e comida, até ganhamos (?) a pá pra limpar a caixinha de areia. Chegando em casa, porém, vimos o email dizendo que a Gaia já tinha sido adotada.

Em algum momento dessa bagunça, a gente contou, ou minha mãe descobriu, os planos de adotar um gato. Sim, meu eu de 15 ou 16 anos e minha irmã de 11 ou 12 íamos adotar um gato sem contar pros pais. Brilhante, devo dizer.

Minha mãe resolveu que não adiantava brigar - quase 200 reais já tinham ido nas compras pro gato - e levou a gente na zoonoses perto de casa para olhar os animais para adoção. Fomos direto pra área de gatos, e eu lembro que estava bem vazia até, tinha uma gata adulta e uns três ou quatro filhotes disponíveis - actually, o primeiro que minha irmã queria estava "em espera" -, dois ou três machos e uma fêmea, coisa mais querida.


Menos de meia hora depois, a gente tava saindo de lá com uma gatinha tigrada, que estava com um laço vermelho no pescoço (cortesia do moço que atendeu a gente), agora chamada Athena, que resmungava de minuto em minuto e mudava de lado da caixinha de transporte pra tomar sol. Lá, deram a estimativa de que ela recém tinha completado um mês e meio de vida, e a gente nomeou 15 de novembro como aniversário dela.

Os primeiros meses foram... Interessantes. A gente foi aprendendo a ter uma gata de estimação e ela foi aprendendo a ser uma gata, pra começar. Ela não sabia subir e descer a escada, morria de medo de humanos, carros, barulhos altos em geral e quase não miava. De fato, ela começou com "au au". xD

Do nosso lado, aprendemos os lugares onde ela se escondia, as brincadeiras que ela fazia, do que tinha medo. Nos primeiros meses, ela se escondia dentro do sofá-cama, entrava no vão e ficava na caixa da base do sofá, e a gente não conseguia alcançar. Aprendemos também a deixar ela mais solta pela casa, como ela sempre sentia frio à noite e gostava de deitar e dormir encostando na gente, encolhidinha.

Nos 14 anos seguintes, Athena foi parte da família e a gente seguiu descobrindo características dela que eram puro amor, como o cuidado instintivo que ela tinha com partes sensíveis e criaturinhas delicadas - aka ela nunca arranhou rosto e nunca atacou crianças, não importa o quanto elas testaram a paciência da gata. Quando uma filhote surgiu na garagem, Athena não demonstrou o menor afeto, mas aguentou pacientemente a gatinha miniatura pulando em cima dela, atacando o rabo, seguindo pra cima e pra baixo - e o medo de ficar sozinha na garagem (ela sempre achava que ia ser presa do lado de fora, poor little thing).

Ela também tinha medo de chuva e da nossa calopsita, um amor enorme por livros (quando eu tive que montar pilhas de livros pelo quarto porque estava literalmente chovendo em cima da estante, ela adorava sentar perto, e esse ano pegou a mania de dormir nas duas primeiras prateleiras da estante) e um costume estranho de roubar pedaços de carne e ficar rosnano pra eles (?). Ela nunca comia, só roubava e ficava rosnando mesmo.Aliás, ela detestava carne vermelha, adorava roubar e comer tomates.

Foi com uns dois ou três anos que ela conseguiu o primeiro grande estrago, pulando em cima da televisão para alcanár o topo do guarda-roupa e lançando a televisão pro chão. A TV virou pó, a gata a gente ficou uns 40 minutos procurando, ^^' Estava segura, mas bem assustada.

Ainda nos primeiros meses, quando a gente ainda achava que tinha que levar ela pra tomar banho em intervalos curtos e regulares, Athena, então filhote, foi expulsa de três pet shops porque era arisca e se recusava a sair (por bem ou por mal) da caixinha de transporte. Reza a lenda que ela arranhava todo mundo e uma vez até chamaram a gente pra tirar ela de dentro. Ela também não era fã e veterinários, mas todos os que atenderam nos últimos três ou quatro meses dela viraram fãs, teve um que segurou no colo a consulta inteira. xD

Infelizmente a idade e os problemas de saúde apareceram mais rápido do que a gente esperava. e, apesar dos cuidados, nossa gatinha virou estrelinha em dezembro/2020.

Eu sou muito grata por ter tido pouco mais de 14 anos com ela, por ter conseguido ficar com ela nos últimos meses e que ela foi muito bem cuidada até o último segundo. Faz quase um ano e eu ainda sinto uma saudade imensa da Athena, aquela saudade que você sabe que nunca vai passar. Eu só posso rezar para que ela esteja bem no céu dos gatinhos, tomando todo o sol que ela quiser, comendo frango, atum e tomates, bebendo água de fontes eternas.

Que ela tenha sido tão feliz com a gente quanto ela nos fez feliz. Que ela tenha sentido o carinho e amor que a gente sentiu e ainda sente por ela.



Um comentário:

  1. SAUDADES ❤
    Um dos primeiros felinos que ganhou meu afeto (e retribuiu como podia ♡)
    Obrigada pela companhia e por aquecer meus pés, Athena!

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