Sinopse: "Durante a Segunda Guerra Mundial, um avião cai numa ilha deserta, e seus únicos sobreviventes são um grupo de meninos em idade escolar. Eles descobrem os encantos desse refúgio tropical e, liderados por Ralph, procuram se organizar enquanto esperam um possível resgate. Mas aos poucos — e por seus próprios desígnios — esses garotos aparentemente inocentes transformam a ilha numa visceral disputa pelo poder, e sua selvageria rasga a fina superfície da civilidade, que mantinham como uma lembrança remota da vida em sociedade.”
Autor: William Golding
O Senhor das Moscas é um livro que estava na minha TBR há anos, meu pai indicou e me deu o livro dele, e eu que enrolei para ler mesmo – achei a introdução da edição um saco, mas não foi feita pelo autor, então tomei vergonha na cara e parti para a leitura de verdade. xD
O livro é fascinante na mesma proporção em que é sinistro. Conta a história de um grupo de meninos que ficam presos numa ilha após um acidente de avião – ou parece ser um acidente de avião, eles não chegam a descrever nada que me pareceu destroços, mas um deles acha o corpo do piloto. Como eles sobreviveram, o que realmente está acontecendo e porque raios só crianças sobreviveram não é explicado em momento algum, e meio que não é a parte mais importante do livro anyway.
Eles vão tentando se organizar, meio que copiando a sociedade que conhecem e o que os adultos fazem, e é sinistro ver as mais diferentes ideologias entrando em conflito – tem violência, às vezes gráfica, tem mortes e tem loucura. O mais interessante, porém, é o simbolismo do livro.
Os dois primeiros personagens apresentados, Ralph e Porquinho, mais para a frente representam claramente a ordem, a lógica e a democracia – o Ralph é o líder nato, eleito pelos outros meninos e com ideias práticas para ajudar a todos, enquanto Porquinho está sempre dando apoio, mantendo o foco do Ralph e sendo a lógica entre as crianças perdidas. Depois aparecem os meninos do coral, sendo Jack o líder do coral e os outros os “grandes” que viram caçadores depois – e representam respectivamente o fascismo, selvageria e o exército. Boa parte do livro é a disputa de poder entre Jack e Ralph, os meninos acham uma concha e ela passa a ser a ordem, quem está com a concha tem direito a falar, e o Ralph ganha a concha e vira o líder, enquanto o Jack desrespeita o acordo sobre a concha e tenta ser o líder na base da força – ele quer controlar algo o tempo todo.
Sam e Eric, gêmeos que ninguém nunca consegue diferenciar, são como a massa de manobra, porque seguem quem parecer ter vantagem naquele momento – ora ao lado do Ralph, ora ao lado do Jack -, e ajudam a espalhar o rumor do “Bicho’, um monstro que uma das crianças crê ver e que se espalha como qualquer fofoca – crescendo a cada vez que é recontada, assustando as crianças sem nunca aparecer de verdade. Mais para frente, quando os óculos do Porquinho são quebrados e a concha também, é como se a ilha virasse mesmo um campo de guerra, com a maioria lutando ao lado do Jack e o Ralph tendo que se esconder.
É interessante ler com essa visão, principalmente porque a ideia de crianças se matando é bem pesada, e a narração mostra como elas são só crianças de vez em quando – num dos capítulos, quando elas estão dormindo em barracas feitas por elas mesmas, ouvem barulhos e veem sombras e ficam acordadas achando que é o Bicho esperando alguém sair, mas fica óbvio que é só a sombra das árvores e o vento balançando os galhos, formando as sombras. Não é difícil entender porque ganhou prêmios e é uma leitura indicada para alunos – é uma maneira reduzida de explicar a sociedade moderna e como ela funciona.
No geral, gostei do livro e com certeza indico, caso ainda não tenha lido. ;)
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