quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020

2020 foi... Um ano diferente.

Para mim, começou muito bem, com um trabalho que eu semore quis, conhecendo novos lugares, com novas experiências, belas paisagens, ganhando bem e fazendo mil planos. Como muita gente, eu tive que esquecer esses planos e tentar algo on the go, enquanto refazia tudo.

Lá em janeiro, eu embarquei para realizar o sonho diferente que é trabalhar num cruzeiro, que, aliás, foi mais ou menos o que eu esperava, e para juntar dinheiro e fazer a tal sonhada viagem para a Coréia, que já estava bem planejadinha. Tudo correu bem até março, quando o surto virou pandemia e os países começaram a fechar enquanto, por aqui, as pessoas aparentemente começavam a entender a dimensão do problema. Tem quem diga que não sabia e não tinha como prever, mas é só olhar os registros para ver o pesadelo se formando lentamente desde dezembro passado.

No navio, estávamos praticamente entre a cruz e a espada - você fica no seu país, onde o covid-19 está dando as caras e os números começaram a crescer, ou você segue no schedule de aportar na Europa, onde os números já estavam assustadores?

Acabamos desembarcando em Portugal, do navio direto para o ônibus, do ônibus direto para o avião, de Lisboa direto para São Paulo, do aeroporto direto para a quarentena em casa. De março para cá, o ano rendeu pesadelos para os próximos anos: de sonhar que tinha saído sem máscara e fui parar no meio de uma multidão a sonhar que visitava algum parente e depois recebia a notícia de que a pessoa estava internada em estado grave, tive de tudo.

No mundo real, não creio ter tido covid-19, ou ao menos não tive sintomas suspeitos e ninguém aqui de casa que fez testou positivo, mas é difícil dizer até onde isso é boa notícia. É frustrante quando você fica sete meses em quarentena, tem amigos e parentes que precisam sair e trabalhar (seja porque são "trabalhadores essenciais", seja porque são obrigados pelos chefes mesmo), vê todos os cuidados que estão tomando, mas também vê um povo que acha que covid-19 é uma mentira ou "todo mundo vai pegar uma hora ou outra mesmo". É frustrante sair o tempo todo de máscara e evitar aglomerações, e ver gente que põe a máscara para entrar onde só pode entrar de máscara, e tirar logo que pisa na rua.

Acontece todo ano, mas 2020 especialmente levou muita gente, entre conhecidos e desconhecidos. Por aqui, seguiamos até que bem, com um saldo de perdas até que baixo, até dezembro dar o ar da graça. 2020 levou o pai do meu melhor amigo, a mãe de uma amiga, a mãe de outro amigo, o irmão de um conhecido querido, um tio-avô meu, um amigo do meu pai, um amor da minha avó. Dezembro, especificamente, levou uma das minhas estrelinhas, que agora brilha no céu dos gatinhos.

Perder a Athena me levou de volta para março, quando eu cheguei em São Paulo ainda meio desnorteada, porque achava que ficaria no navio até agosto e passaria em São Paulo só para entregar os presentes e trocar a roupa da mala antes de passar dois meses na Coreia do Sul. Parte de mim agradece muito por ter voltado e passado os últimos nove meses de vida dela aqui, com ela. Também sinto que a quarentena me fez valorizar muito mais os momentos (virtuais ou reais) com os amigos, depois que os dois meses no cruzeiro me ensinaram o que é a saudade de verdade.

Setembro me trouxe um emprego novo, que me mostrou que me lembrou que existem ótimos chefes no mercado, equipes podem ser boas e funcionar sem ninguém querer o lugar de ninguém e que, mais do que aprender com cada novo emprego, eu tenho experiência sim para ensinar, eu posso ser mais confiante nisso.

Por fim, o fim do ano em distanciamento social me trouxe um dos melhores natais que tive provavelmente desde que ainda acreditava em Papai Noel, caalmo e tranquilo como eu precisava e não sabia.

Então, com um fôlego que eu não imaginava que ganharia, seguimos para 2021 de uma forma muito melhor do que eu esperava quando as coisas começara a desabar lá em março. De fato, é surpreendente que hoje seja dia 31 de dezembro, porque o ano realmente pareceu ter uns oito anos escondidos entre os 12 meses.

Here's to you and here's to me. Que 2021 seja melhor, mas que as lições que 2020 trouxe não sejam deixadas em 2020 - principalmente aquela em que a gente valoriza mais a vida e as pessoas amadas.