sábado, 3 de fevereiro de 2018

Precisamos Falar Sobre Kevin (2011)

Mais um post que estava escrito há uns tempos e é sobre algo meio polêmico. \o/ Here we go! \o/

Sinopse: "Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Lucy (Ursula Parker). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.”

Direção: Lynne Ramsay

Duração: 124min.

Precisamos Falar Sobre Kevin é um filme baseado no livro homônimo, que graças a Deus não foi baseado em fatos reais. Apesar do nome, o filme conta mesmo é a história da mãe do Kevin, Eva, e começa no futuro, num pós-acontecimento que é o que guia o filme: um atentado na escola do Kevin. Através de flashbacks, Eva revive do momento em que descobriu que estava grávida até como chegou ao ponto em que está – com a casa e o carro sendo pichados e atacados, e as pessoas em volta a condenando.

É um filme pesado, I tell you that. Daqueles sem heróis, final feliz ou explicações. Desde o começo, fica claro que a Eva não estava nem um pouco animada com a ideia de ter um filho, não se sentia bem ou se identificava com o bebê, e isso vai piorando conforme o Kevin vai crescendo - e ele menospreza a mãe. Junte a isso um marido que nunca “funcionou” como pai ou marido, e o resultado nunca pode ser bom.


Conforme o Kevin cresce, tem esse dois lados funcionando sem qualquer harmonia – a mãe que até tenta, mas não consegue lidar com o filho, e parece terrivelmente fraca por causa disso, e o pai que só aparece na hora de permitir o que a mãe negou (e vice-versa) ou de ajudar a sacanear/culpar a mãe. Não raras vezes, aliás, tudo fica meio... Forçado demais, e eu não sei se isso vem do livro, ou se é para parecer que as coisas são do ponto de vista da mãe mesmo, mas fica a impressão de que ela é saco de pancadas sem qualquer motivo aparente, recebendo todas as respostas sarcásticas, caretas, malcriações...

Do meio para o final do filme, Eva engravida de novo e tudo é exatamente o contrário do que foi a chegada do Kevin. Ela está mais feliz, mais sorridente, se apega muito mais à menina, tem todo um novo cuidado com a filha. Lucy é aquela menina inocente que não percebe qualquer maldade no... Cara mau, e isso causa problemas que, mais tarde, são só mais um peso na culpa que a Eva já sente, mais um item pra ela se culpar e ser culpada – e, por sua vez, culpar ao Kevin e a si mesma.


A história toda é contada para chegar no atentado na escola, que é contado por inteiro, desde a manhã até a Eva indo para escola e, depois, chegando em casa à noite. É o grande motivo da história existir, e qualquer comentário aqui seria um spoiler que eu prefiro evitar. :P Apesar disso, o filme é bem menos gráfico do que eu esperava, so there's that.

E o filme alterna entre presente e passado, e os momentos no presente são tão cruéis quanto os do passado. A casa está toda pichada, o carro também, ela chega a levar uma cuspida na rua e ela própria se culpa - num momento x ela encontra um ex-colega de escola do Kevin, que está paraplégico, e foge enquanto ele grita que a culpa não é dela. É triste de ver e pesado de imaginar, porque, querendo ou não, a maioria dos culpados por atentados têm uma família, mãe, pai, às vezes irmãos, que meio que não tem nada a ver com o atentando ou qualquer problema psicológico que a pessoa tenha, mas dividem o mesmo sobrenome e são julgadas culpadas por isso.

No geral, eu achei o filme bem perturbador, a ponto de não saber dizer se gostei ou não e, consequentemente, se eu recomendo ou não. É o tipo de filme que eu não recomendaria para mim mesma, não é leve, não tem uma história bonita, não tem um personagem sequer cativante, mas é dolorosamente algo que poderia ser baseado em fatos reais – quantos atentados em escolas você já viu virarem notícia?


Mas, como eu acho que esse é meio o ponto do livro e do filme, ponto positivo pra eles por me deixarem incomodada assim - não é um filme legal de assistir, sessão da tarde e tal, bem pelo contrário, eu terminei sem vontade de rever, mas lembrando muito bem de cada detalhe.

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